Digo Amazonas e a Multidão lançam o álbum-manifesto "Qual Brasil?"

Cada faixa é um capítulo de uma narrativa que percorre temas como ancestralidade, natureza, tecnologia, redes sociais e resistência cultural.

Digo Amazonas e a Multidão lançam o álbum-manifesto "Qual Brasil?"
Digo Amazonas e a Multidão lançam o álbum-manifesto "Qual Brasil?" (Foto: Reprodução)

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Em tempos em que o patriotismo virou símbolo de orientação política, o amor pelo país se torna questionável. É neste contexto que o cantor, compositor e percussionista Digo Amazonas estreia o seu primeiro álbum, "Qual Brasil?", ao lado da banda Multidão, formada por Rodrigo Ramos (guitarra), Ivanbatucada (percussão), Juari Dovenas (baixo) e Marcelo Koba (bateria). O manifesto é uma verdadeira jornada sonora e poética sobre o Brasil de hoje, de ontem e de amanhã. O lançamento é nesta sexta, 07 de novembro.

Gravado entre 2022 e 2024, de forma totalmente independente, "Qual Brasil?" nasceu a partir das vivências de mais de duas décadas de Digo pesquisando, conhecendo e viajando pelo Brasil. O projeto começou como um trabalho de conclusão de sua pós-graduação em percussão brasileira, e cresceu até se tornar um manifesto musical.

"Estudar percussão brasileira é estudar a história do Brasil. Conforme fui vivenciando e entendendo as coisas, as músicas foram se revelando e se transformando. 'Qual Brasil?' é fruto desse mergulho", explica Digo.

Tal qual a música "Que País É Esse?" escrita por Renato Russo em 1978, ou "Brasil" escrita por Cazuza em 1988, Digo Amazonas vem décadas depois levantar questões centrais sobre o país com muito rock pesado e referências brasileiras, em um álbum com nove faixas e apenas 21 minutos de duração. O tempo é suficiente para escancarar temas como ancestralidade, natureza, tecnologia, redes sociais e resistência cultural, unidos pelo olhar crítico e afetivo de quem vive e ama o verdadeiro Brasil.

A faixa-título "Qual Brasil?" abre o álbum com um convite para essa travessia, exaltando a diversidade e as belezas do país. Na sequência, "Matagal" e "Manifestação Animal" mergulham nas raízes ancestrais e no pertencimento à natureza, mesclando rock, maracatu e côco em um som visceral. Em "Adubo Humano", uma citação de Brás Cubas dá início à um a reflexão sobre o ser humano no capitalismo contemporâneo, com a participação de Íris Apokalypsis, que incorpora o olhar da inteligência artificial.

O interlúdio "+55" marca uma virada no álbum, contando em 60 segundos a história das telecomunicações no país — do telégrafo à internet — e preparando o terreno para os temas digitais das faixas seguintes. Já "@influencers" ironiza o culto às personalidades das redes, enquanto "Algo Rítmico" transforma o ódio aos algoritmos em um rock pesado, dialogando com a polirritmia do Boi de Matraca, do Maranhão.

A faixa "T.I. (Terra Indígena)" ressignifica o termo T.I. de "Tecnologia da Informação" para "Terra Indígena", exaltando a sabedoria ancestral, com participação de jovens Guaranis do Pico do Jaraguá e cenas do Acampamento Terra Livre no videoclipe já lançado como single. O encerramento chega com "#ChicoMendesVive", faixa poderosa que celebra o legado do ambientalista acreano, e que também já foi lançada como single, em parceria com a família de Chico Mendes e o Comitê Chico Mendes.

O álbum é uma coprodução de Digo Amazonas, Rodrigo Ramos e Ivanbatucada, gravado e mixado na Mandril Audio e masterizado no El Rocha, em São Paulo. A arte do álbum, criada por Denis Diosanto, é uma releitura da capa do "Manifesto da Poesia Pau-Brasil" (1924), ilustrada por Tarsila do Amaral para o livro de Oswald de Andrade, que inspirou o conceito do álbum "Qual Brasil?". Cem anos depois, Digo propõe uma reflexão sobre as disputas de identidade e narrativa que ainda moldam o país:

"Hoje, como há um século, seguimos tentando responder à mesma pergunta: que Brasil é esse? 'Qual Brasil?' defende a cultura, o povo e as florestas do nosso país. Eles dizem que amam o Brasil — mas qual Brasil?", provoca o artista.


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